Acróstica Acróstica - Zero, Um e a Deriva do Ponto Flutuante

Zelar por faces que eu nunca vi, mas me acolhem aqui
Esse lugar onde só vão me ouvir se abraçar o uníssono

Reis sem face se põem a me guiar
O desprezo e apatia fazem eu me curvar

Usar o próximo ao meu bel prazer até o seu perecer
Mesmo que o fardo chegue a me esmagar, vale o preço de me cegar

Entre o fardo e a promessa de mais
Afeição à feição oculta, deixo tudo pra trás

Deserto de solidão que faz eu me esvaziar
Encher-me da tentação de ressentir, odiar

Respirar a cada dia mais se torna castigo
Isentar eu mesmo da culpa eu já não consigo

Verdades tão falsas que me ponho a acreditar
Aceitam-me como sou enquanto me entregar

Dói estar no mar sem nem ter direção
Onde buscar um sinal pra me encontrar?
Parto-me em dois pra curar a solidão
Onde achar um farol pra me iluminar?

Nada pode me moldar, o que sou e o que fui só a mim pertence
Tantos cegos a vagar, estendem a mão pra afundar o tolo que não vence
Ouço daqui pra frente só minha voz

Foda-se toda essa porra, caralho!
Lados que concordam só em um foder o outro
Um bando de pau no cu, que se afoguem na fossa que cavaram
Tanta regra para vomitar, só pose de foda num bando de Zé buceta
Um estado de guerra a escalar, mas com um a menos, que eu desisto dessa porra

Ave, perversão! Salve egoísmo, salve ambição!
Ninguém em meu cair me deu a mão
Tardou pro perdão, cada um por si, que se foda a união
Essa porra é uma zona, caralho!